Sílvia Rocha
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Nossa
conversa sobre sexo e vida neste ano tratará de informações básicas
sobre as várias teorias da sexualidade. Para começar apresentamos um
bom resumo das principais idéias de Sigmund Freud. Depois teremos
Reich, Lowen e outros enfoques. Aproveitem!
As
teorias científicas surgem influenciadas pelas condições da vida
social, política, econômica e nos seus múltiplos aspectos durante um
determinado período da vida do autor.
O
primeiro grande conceito desenvolvido por Freud (1856-1939) foi o de
Inconsciente. Ele inicia seu pensamento teórico assumindo que não há
nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre
por acaso e, muito menos, os processos mentais. Há uma causa para cada
pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação.
Cada
evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é
determinado pelos fatos que o precederam (determinismo psíquico). Uma
vez que alguns eventos mentais "pareceram" ocorrer espontaneamente,
Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um
evento consciente a outro. Quando um pensamento ou sentimento parece
não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precederam,
as conexões estão no inconsciente. Uma vez que estes elos
inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está
resolvida. (1) O consciente é apenas a ponta do iceberg.
Freud em suas investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e, confirmava-se, desta forma, que as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estruturação da personalidade. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o segundo conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Estas afirmações tiveram profundas repercussões na sociedade puritana da época pela concepção vigente de infância "inocente".
"OS PRINCIPAIS ASPECTOS DESTAS DESCOBERTAS SÃO:
1. A função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade como afirmavam as idéias dominantes.
2.
O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade
adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem
estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação
contrariava as idéias predominantes de que o sexo estava associado,
exclusivamente a reprodução.
3. A libido, nas palavras de Freud, é a "energia dos instintos sexuais e só deles" (2).
Foi
no segundo dos "Três ensaios de sexualidade" das obras completas, que
Freud postulou o processo de desenvolvimento psicossexual, o
indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois nos primeiros
tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à
sobrevivência.
O
corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em
partes do corpo (zonas erógenas) e há um desenvolvimento progressivo
também ligado as modificações das formas de gratificação e de relação
com o objeto, que levou Freud a chegar nas fases do desenvolvimento
sexual:
FASE ORAL (0 A 2 ANOS)
- a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à
ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade
bucal. Objetivo sexual consiste na incorporação do objeto (3).
FASE ANAL (ENTRE 2 A 4 ANOS APROXIMADAMENTE)
- a zona de erotização é o ânus e o modo de relação do objeto é de
"ativo" e "passivo", intimamente ligado ao controle dos esfíncteres
(anal e uretral). Este controle é uma nova fonte de prazer.
Acontece
entre 2 e 5 anos o complexo de édipo, e é em torno dele que ocorre a
estruturação da personalidade do indivíduo. No complexo de Édipo, a
mãe é o objeto de desejo do menino e o pai (ou a figura masculina que
represente o pai) é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado.
Ele
procura então assemelhar-se ao pai para "ter" a mãe, escolhendo-o
como modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e as
normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna.
Posteriormente por medo do pai, "desiste" da mãe, isto é, a mãe é
"trocada" pela riqueza do mundo social e cultural e o garoto pode,
então, participar do mundo social, pois tem suas regras básicas
internalizadas através da identificação com o pai. Este processo
também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e
de identificação. Freud fala em Édipo feminino (2).
FASE FÁLICA - A ZONA DE EROTIZAÇÃO É O ÓRGÃO SEXUAL.
Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais
sobre esse objeto. Assinala o ponto culminante e o declínio do
complexo de Édipo pela ameaça de castração.
No
caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interessse
narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta
da ausência de pênis na menina. É essa diferença que vai marcar a
oposição fálico-castrado que substitui, nessa fase, o par
atividade-passividade da fase anal. Na menina esta constatação
determina o surgimento da "inveja do pênis" e o conseqüente
ressentimento para com a mãe "porque esta não lhe deu um pênis, o que
será compensado com o desejo de Ter um filho. (3)
Em
seguida vem um período de latência, que se prolonga até a puberdade e
se caracteriza por uma diminuição das atividades sexuais, como um
intervalo.
FASE GENITAL - E,
finalmente, na adolescência é atingida a última fase quando o objeto
de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um
objeto externo ao indivíduo - o outro. Neste momento meninos e meninas
estão conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a
buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e
interpessoais. (1)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
(1) Fadiman, J e Frager, R - Teorias da Personalidade; Harbra editora
(2) Bock, A. M., Furtado, O. e Teixeira, M. L. - Psicologias - Uma Introdução ao estudo de Psicologia - Editora Saraiva
(3) Garcia-Roza,L.A. - Freud e o inconsciente - Jorge Zahar Editor
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