"Ser educador é muito mais do que ser professor. Para ser educador, não basta conhecer teorias, aplicar metodologias, é preciso uma predisposição interna, uma compreensão mais ampla da vida, um esforço sincero em promover a própria autoeducação, pois o educador verdadeiro é aquele que, antes de falar, exemplifica; antes de teorizar, sente e antes de ser um profissional é um ser humano." (Incontri)


"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática." (Paulo Freire)


"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar e para convencer, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e preparado para as boas obras” (2 Tm 3, 16-17)

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sábado, 27 de outubro de 2012

TEORIA DA SEXUALIDADE SEGUNDO FREUD



Sílvia Rocha


Nossa conversa sobre sexo e vida neste ano tratará de informações básicas sobre as várias teorias da sexualidade. Para começar apresentamos um bom resumo das principais idéias de Sigmund Freud. Depois teremos Reich, Lowen e outros enfoques. Aproveitem!

As teorias científicas surgem influenciadas pelas condições da vida social, política, econômica e nos seus múltiplos aspectos durante um determinado período da vida do autor.

O primeiro grande conceito desenvolvido por Freud (1856-1939) foi o de Inconsciente. Ele inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre por acaso e, muito menos, os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação.

Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam (determinismo psíquico). Uma vez que alguns eventos mentais "pareceram" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. Quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precederam, as conexões estão no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. (1) O consciente é apenas a ponta do iceberg.

Freud em suas investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais e, confirmava-se, desta forma, que as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estruturação da personalidade. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o segundo conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Estas afirmações tiveram profundas repercussões na sociedade puritana da época pela concepção vigente de infância "inocente".

"OS PRINCIPAIS ASPECTOS DESTAS DESCOBERTAS SÃO:

1. A função sexual existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade como afirmavam as idéias dominantes.

2. O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contrariava as idéias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente a reprodução.

3. A libido, nas palavras de Freud, é a "energia dos instintos sexuais e só deles" (2).
Foi no segundo dos "Três ensaios de sexualidade" das obras completas, que Freud postulou o processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois nos primeiros tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência.

O corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) e há um desenvolvimento progressivo também ligado as modificações das formas de gratificação e de relação com o objeto, que levou Freud a chegar nas fases do desenvolvimento sexual:

FASE ORAL (0 A 2 ANOS) - a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. Objetivo sexual consiste na incorporação do objeto (3).

FASE ANAL (ENTRE 2 A 4 ANOS APROXIMADAMENTE) - a zona de erotização é o ânus e o modo de relação do objeto é de "ativo" e "passivo", intimamente ligado ao controle dos esfíncteres (anal e uretral). Este controle é uma nova fonte de prazer.

Acontece entre 2 e 5 anos o complexo de édipo, e é em torno dele que ocorre a estruturação da personalidade do indivíduo. No complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai (ou a figura masculina que represente o pai) é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado.

 Ele procura então assemelhar-se ao pai para "ter" a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna. Posteriormente por medo do pai, "desiste" da mãe, isto é, a mãe é "trocada" pela riqueza do mundo social e cultural e o garoto pode, então, participar do mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas através da identificação com o pai. Este processo também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de identificação. Freud fala em Édipo feminino (2).

FASE FÁLICA - A ZONA DE EROTIZAÇÃO É O ÓRGÃO SEXUAL. Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. Assinala o ponto culminante e o declínio do complexo de Édipo pela ameaça de castração.

No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interessse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. É essa diferença que vai marcar a oposição fálico-castrado que substitui, nessa fase, o par atividade-passividade da fase anal. Na menina esta constatação determina o surgimento da "inveja do pênis" e o conseqüente ressentimento para com a mãe "porque esta não lhe deu um pênis, o que será compensado com o desejo de Ter um filho. (3)

Em seguida vem um período de latência, que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das atividades sexuais, como um intervalo.

FASE GENITAL - E, finalmente, na adolescência é atingida a última fase quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo - o outro. Neste momento meninos e meninas estão conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais. (1)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

(1) Fadiman, J e Frager, R - Teorias da Personalidade; Harbra editora
(2) Bock, A. M., Furtado, O. e Teixeira, M. L. - Psicologias - Uma Introdução ao estudo de Psicologia - Editora Saraiva

(3) Garcia-Roza,L.A. - Freud e o inconsciente - Jorge Zahar Editor
Sílvia Rocha - Psicoterapeuta (crp:05/21756), coordenadora do Espaço Saúde e Consultora de empresas. E-mail: silviar@centroin.com

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