"Ser educador é muito mais do que ser professor. Para ser educador, não basta conhecer teorias, aplicar metodologias, é preciso uma predisposição interna, uma compreensão mais ampla da vida, um esforço sincero em promover a própria autoeducação, pois o educador verdadeiro é aquele que, antes de falar, exemplifica; antes de teorizar, sente e antes de ser um profissional é um ser humano." (Incontri)


"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática." (Paulo Freire)


"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar e para convencer, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e preparado para as boas obras” (2 Tm 3, 16-17)

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Escanção e metrificação

Escanção e metrificação

  1. http://professorjairnascimento.blogspot.com @jairjlnasciment
Quando você lê notícias em um jornal, uma crônica ou um romance, você está lendo textos em  prosa . Quando você escreve uma composição para a sua aula de Redação, geralmente está escrevendo um texto em prosa. Isso porque a prosa é o conjunto de palavras ordenadas de modo a formarem um sentido, sem a preocupação de apresentarem rima, ritmo ou métrica. Mas quando você está lendo uma poesia, você está lendo um texto em  versos . Iniciemos com a leitura de uma de nossas poesias mais conhecidas:
  1. Minha terra tem palmeiras,
    • Onde canta o sabiá;
    • As aves, que aqui gorjeam,
    • Não gorjeiam como lá.
    •  
    • Nosso céu tem mais estrelas,
    • Nossas várzeas têm mais flores,
    • Nossos bosques têm mais vida,
    • Nossa vida mais amores.
    •  
    • Em cismar, sozinho, à noite,
    • Mais prazer encontro eu lá;
    • Minha terra tem palmeiras,
    • Onde canta o sabiá;
    • Minha terra tem primores,
    • Que tais não encontro eu cá;
    • Em cismar - sozinho, à noite -
    • Mais prazer encontro eu lá;
    • Minha terra tem palmeiras,
    • Onde canta o sabiá;
    • Não permita Deus que eu morra,
    • Sem que eu volte para lá;
    • Sem que desfrute os primores
    • Que não encontro por cá;
    • Sem qu’inda aviste as palmeiras,
    • Onde canta o sabiá.
    • Gonçalves Dias
    • Nos versos lidos, você deve ter percebido uma alternância regular e sistemática de sonoridade, obtida pela sucessão de sílabas fracas e fortes. Na prosa, a alternância de sílabas fracas e fortes não é regular. No texto em versos, porém, há ocorrência regular de sílabas fracas(de menor intensidade) e de sílabas fortes(de maior intensidade). Daí surgir o  ritmo , a melodia do verso. Os elementos rítmicos e melódicos são fundamentais, tanto para o poeta como para o leitor. Não há poesia sem ritmo. Modernamente, a poesia toma as formas mais variadas. Há textos em prosa que têm poesia, assim como há textos em verso que não são poéticos. A poesia está acima das formas; ela é a expressão da alma humana, como o são outras formas de arte. Um conjunto de versos forma uma  estrofe . Por exemplo, Canção do Exílio compõe-se de cinco estrofes. As três primeiras têm 4 versos e as duas últimas, 6 versos. As estrofes, em geral, podem ter de 2 a 10 versos, recebendo a seguinte denominação:
  2. Número de Versos Designação
2 versos Dístico
3 versos Terceto
4 versos Quadra ou quarteto
5 versos Quintilha 6 versos Sextilha
7 versos Septilha
8 versos Oitava
9 versos Nona
10 versos Décima
  1. Sílabas gramaticais
Mi nha ter ra tem pal mei ras
Nº de sílabas 1 2 3 4 5 6 7 8 Sílabas métricas Mi nha ter ra tem pal mei * ras
Nº de sílabas 1 2 3 4 5 6 7 X
    • Como você pôde observar, o número de sílabas métricas e gramaticais não coincidiu. As regras básicas para a contagem de  sílabas métricas  são:

    • a)Só se contam as sílabas até a última sílaba tônica de cada verso.

    • b)Havendo encontro de vogais, em palavras diferentes, elas podem fundir-se numa sílaba somente. É o caso da elisão.
  1. A contagem das sílabas métricas realiza-se até à  última sílaba acentuada  do verso, ocorra ela na última, penúltima ou antepenúltima sílaba gramatical da palavra (Ex.: mi/nhas /  lá /(grimas); meu / de/ se /(jo); meu / co/ra/ ção ). 
  • Contracção da última vogal de uma palavra com a primeira vogal da palavra seguinte.


    • Sinalefa  - nome dado à contracção quando a vogal do fim da palavra se transforma numa semi-vogal, formando um ditongo com a vogal que inicia a palavra seguinte (Atrasado, ele... = a/tra/sa/d u / e /le > a/tra/sa/d we /le).
    • Elisão  - nome dado à contracção quando a vogal do fim da palavra é completamente assimilada pela vogal que inicia a palavra seguinte, desaparecendo (Ela ouviu... = e/l a / ou /viu > e/l ou /viu).
    • Crase  - nome dado à contracção quando a vogal do fim da palavra é igual à vogal que inicia a palavra seguinte, pelo que elas se fundem numa só (A casa amarela... = a / ca/s a / a /ma/re/la > a / ca/s a /ma/re/la).
    • Ectlipe  - nome dado à contracção quando a vogal do fim da palavra é nasal, perdendo a sua nasalidade para formar um ditongo com a vogal que inicia a palavra seguinte (com as colegas... = c õ / a s / co/le/gas > c ua s / co/le/gas).

    • Hiato  - quando duas vogais tónicas estão lado a lado, não pode haver contracção das duas, pelo que ocorre um hiato, ou seja, mantêm-se em sílabas independentes mesmo que uma das sílabas tónicas enfraqueça. O hiato diminuia a fluidez do verso, razão porque os autores se esforçam por o evitar (Tu ontem... = tu / on/tem). 

    • Diérese  - Separação de duas vogais seguidas dentro de uma mesma palavra, de modo a que constituam duas sílabas diferentes (Ex.: sa/u /da/de). 

    • Sinérese  - União de duas vogais, no interior de uma mesma palavra, que originalmente não formavam ditongo, de modo que constituam uma única sílaba (Ex.:  pie /da/de).

  1. 1 2 3 4 5 6 7 8 Em cis mar so zi nho a noi te Mais pra zer en con tro eu lá   Mi nha ter ra tem pal mei ras On de can ta o sa bi á
Uma sílaba Monossílabos Duas sílabas Dissílabos Três sílabas Trissílabos Quatro sílabas Tetrassílabos Cinco sílabas Pentassílabos ou redondilha menor(com acentos na 2ª e 5ª) Seis sílabas Hexassílabos (com acentos na 2ª e 6ª sílabas) Sete sílabas Heptassílabos ou redondilha maior(com acentos na 3ª e 5ª) Oito sílabas Octossílabos ou sáficos(com acentos na 4ª e 8ª) Nove sílabas Eneassílabos ou jâmbicos(com acentos na 3ª, 6ª e 9ª) Dez sílabas Decassílabos(com acentos na 6ª e 10ª) Onze sílabas Hendecassílabos ou datílicos(com acentos na 2ª, 5ª, 8ª e 11ª) Doze sílabas Dodecassílabos ou alexandrinos(com acentos na 6ª e 12ª) Mais de doze Bárbaros
    • E Canção do Exílio, quanto ao número de sílabas métricas, como se classifica?

    • Tanto os quartetos, como as sextilhas são formados de versos heptassílabos ou redondilha maior.

    • Vimos que o ritmo e a melodia dos versos são importantes na poesia. Mas há outro elemento que vem completar o ritmo do verso: é a  rima . Rima é a coincidência de sons ao final dos versos. Não é a rima que faz um poema. É todo o conjunto de ritmo e sonoridade, emoção e expressão. Os poetas modernistas nem sempre usam a rima. Seus poemas são em  versos brancos . As rimas podem ser classificadas de acordo com:

    • a)     A coincidência de vogais e consoantes: observe a primeira quadra de Canção do Exílio – sabiá e lá têm sons iguais na sílaba tônica; são versos soantes. Palmeiras e gorjeiam têm sons parecidos (apenas as vogais tônicas  EI  são iguais); são versos toantes.

    • b)     A posição do acento tônico: neste caso as rimas podem ser:  agudas  (as palavras que rimam são oxítonas);  graves  (as palavras que rimam são paroxítonas);  esdrúxulas  (as palavras que rimam são proparoxítonas).

    • c)      A distribuição nas estrofes: nesse aspecto, as rimas podem ser:  emparelhas  (sucedem-se duas a duas);  alternadas  (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º etc.);  cruzadas  (o 1º verso rima com o 4º, o 2º com o 3º etc.);  encadeadas  (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º e o 6º, 5º com o 7º e o 9º, e assim sucessivamente).

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