sexta-feira, 9 de março de 2012
Quem lê mais, escreve melhor
Vadiando no Magazan do Shopping Castanheira, encontrei algo que me interessou, porém pelo qual não poderia pagar.
Estava cercado por uns quatro funcionários, que coincidentemente comentavam sobre a quantidade de câmeras de segurança no local.
Sem me intimidar pela vigilância ostensiva, subtraí sorrateiramente o objeto de meu desejo, carregando-o na mão fechada até um corredor mais estreito, onde o meti no bolso da calça.
Cheguei em casa radiante de alegria, com a consciência tranquila pelo dever cumprido.
Retirado de circulação um atentado violento ao idioma
P.S.: esse pequeno ato de transgressão foi cometido no dia 17/02/2012. A postagem estava programada havia algum tempo, porém eis que na última sexta (02/03) retorno ao mesmo local e me deparo com aquela maldita etiqueta a me escarnecer discretamente - séria por fora, gargalhando por dentro - como um criminoso que circula serelepe e saltitante após ter pago fiança.
Fonte:http://www.belenambulo.blogspot.com/
Marco Santos → 13/05/2008 @3:56
Sete regras para escrever melhor
Este post sustenta-se sobretudo na minha experiência de quase seis anos de intensa escrita online. As sete regras, a saber:1. Frases mais curtas que o teu dedo mindinho.
Frases demasiado longas e complicadas não pegam. A maioria das pessoas chegará ao fim sem se lembrar de como a frase começou. Se pretendes expressar uma ideia, esforça-te para que em primeiro lugar seja bem assimilada. E a única forma de o conseguires é escrevendo com clareza.Outra vantagem de usar frases curtas é não correr o risco de meter água com a gramática e a pontuação. A escrita é um fio de seda nas tuas mãos: pode desenrolar-se com elegância diante dos olhos (e então tudo te parece perfeito) ou embrulhar-se à volta das pernas, fazendo-te cair ao início da tua jornada.
2. Deixa as palavras caras para os ricos.
Como a tua intenção é comunicar ideias e não a riqueza do teu vocabulário, o melhor caminho é escrever com simplicidade e ser autêntico.Escolher as palavras certas é como escolher uma peça de roupa. Para quê usar fato e gravata se te sentes melhor com calças de ganga? Escolhe as palavras que quiseres, desde que em nenhum momento essas palavras te façam sentir que não estás a ser igual a ti próprio.
Se na preparação para o teu post aprendeste uma palavra cujo significado desconhecias, então partilha essa descoberta com os teus leitores. A tua sinceridade será apreciada, sobretudo porque não usaste o teu vocabulário para fazer poses.
3. Quando escreves, a pontuação é sempre tua.
Vírgulas mal colocadas são como barreiras em corridas de obstáculos: quebram-te o ritmo e podem fazer-te tropeçar. A dificuldade que possas ter com a pontuação não é por falta de gramática, é por falta de leitura — e sobretudo leitura em voz alta.Só lendo em voz alta mais facilmente te apercebes que a escrita não é diferente da música: a melodia é a ideia que desejas expressar; as palavras, os instrumentos através dos quais expressas a tua ideia. Da combinação desses instrumentos resulta o «arranjo» e a «harmonia» do teu texto. Os sinais de pontuação são os instrumentos de percussão. Assim como os músicos podem tocar de ouvido sem conhecer as pautas, também tu poderás escrever bem sem precisares de enfiar um compêndio de gramática na cabeça.
Faz um exercício ao contrário: procura os sinais de pontuação na própria música. Põe a tocar o teu tema preferido (com bateria) e procura associar os sons. Que poderá significar aquele som «splash» do prato de ataque de uma bateria? Um ponto de exclamação? A que atribuirás o som ritmado de um prato de condução suave? Às vírgulas?
Se leres muitas vezes em voz alta — os teus textos e os dos outros — começarás «a ouvir» as vírgulas e a sentir a «respiração» das frases com a mesma naturalidade com que bates o pé quando ouves música.
4. Não tentes «escrever bem».
Escrever é um processo de descoberta de ti próprio e dos teus limites. Usar chavões, metáforas ou analogias é um recurso óptimo que enriquece a tua escrita — desde que sejam os teus chavões, as tuas metáforas e as tuas analogias.Se te lembras apenas de figuras de linguagem que se lêem todos os dias nos jornais, mais vale apagar e seguires a regra número 1: simplificar a comunicação e ser igual a ti próprio. Não te preocupes: o que tu és agora não é forçosamente o que serás amanhã — e se a tua escrita for autêntica, acompanhará essa mudança com tanta naturalidade que os teus leitores notarão a evolução primeiro que tu.
5. Tu tens qualidades, só falta seres capaz de as reconhecer.
Melhorar a escrita exige muito trabalho, mas a maior tarefa de todas consiste em remover todos os obstáculos entre o teu pensamento e a folha em branco. Quanto mais te afastares de ti próprio e do que tu és, mais dificuldade terás em obter fluidez na tua escrita.Descobre as tuas próprias qualidades e investe o teu tempo e esforço a desenvolvê-las: não percas tempo a desejar qualidades que reconheces nos outros mas que tu não tens. Nem todos os bloggers podem ser escritores e nem todos os escritores podem ser bloggers. E não te esqueças: através da tua escrita estás a criar uma presença na Web. Nenhuma presença é sustentável sem uma identidade. É através da escrita que a consegues, não através de um avatar.
6. A escrita não é para preguiçosos.
Tudo o resto que possas fazer para melhorar a tua escrita depende da tua capacidade de trabalho. Estuda gramática. Consulta o Prontuário Ortográfico. Instala um corrector ortográfico. Aprende com os erros que dás. Revê os teus textos. Revê-os em voz alta. Quando estiveres cansado e achares que já chega, revê outra vez. Antes de publicares, volta a ler o teu texto em modo Rascunho.Lê. Lê muito. Lê jornais, revistas, livros, sobretudo livros. Quanto mais se lê, melhor se pensa; quanto melhor se pensa, melhor se escreve — trabalha e esforça-se até chegares a um ponto em que o pensamento te surge na cabeça como se fosse uma frase que escreves sem mãos. Estás disposto a apagar a televisão ou o computador em nome desse objectivo?
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